A vida é mesmo uma coisa bem cômica. Eu queria, do fundo do meu coração, conseguir deixar de lado os clichês sobre como a nossa trajetória na Terra é uma enorme roda gigante. Por algum motivo, bem maior e mais forte que eu, não consigo. Todos os dias, ao apoiarmos a cabeça no travesseiro antes de dormir, tentamos traçar metas e planos. Alguém já parou para pensar quantos deles foram alcançados? Eu não vou falar de força de vontade, trabalho ou muita luta. Vou falar de destino e as peças que ele nos prega. Na verdade, gostaria de poder fazer as pessoas repararem em quantas voltas a nossa vida dá. Tantas pessoas ela já mandou para longe, tantos lugares ela fez com que parássemos de frequentar, tantos rostos sumiram e tantos sonhos foram adormecidos. As coisas mudam, não é mesmo?
A luta diária pela sobrevivência e pela sanidade percorre nossa estadia no mundo. Estadia essa, que não tem data de validade prevista. Isso complica bem mais as coisas. Para que planejar tanto se o amanhã nem chegar a existir? Bom, esse também não é o intuito do texto, não é minha função querer que as pessoas acreditem na não existência do amanhã. Afinal, é só uma possibilidade.
Voltando ao que interessa, não é engraçado lembrar do passado? Lembrar de como as coisas mudaram, como os lugares são outros e como as metas se transformaram? A maioria das pessoas que participaram da sua infância não está mais ali. Alguns parentes se distanciaram, isso por que você não é mais aquele bebê encantador. Os amigos ficaram naquela cidade bem longe, de onde você saiu ainda no começo da adolescência, claro, nem todos sumiram da sua vida. Os professores, os médicos, os hospitais, aquela igreja, aquele parque, aquela bicicleta. E aquele vizinho?
A cidade não é a mesma, mas já faz algum tempo. Antes era só brincadeira, agora é estudo e trabalho. Os amigos mudam a cada fase da vida, com exceção de alguns, que são para a vida toda, assim como mãe e pai. Antes ouvia sobre biologia, física e química, agora os professores são mais específicos, falam sobre a área de interesse e a matemática acabou. Antes era suco de melancia, hoje é vinho com os colegas e amanhã o que será? Será aqui ou será lá? Será que será? Vai chegar a ser? E o que é ser?