A noite é fria
e os meus cobertores não parecem tão bons quanto antes. Eles me sufocam e
servem apenas como peso sobre meu corpo, sem, no entanto, me aquecer.
Falta alguma coisa. Falta você. A cama parece ter se tornado grande
demais, e esse espaço que sobra me incomoda. O vazio me incomoda, me
tortura. Sinto falta do seu corpo, seu
calor. Queria sentir seu cheiro, queria sentir seu amor.
O tic-tac do
relógio se tornou mais melancólico, não serve mais como plano de fundo, falta
ritmo. É como se ele lamentasse a cada Tic, como se implorasse a sua volta em
todos os Tac. Eu sou o relógio.
A Memória é
uma megera. Dói lembrar de nós dois juntos a cada instante e saber que não
existe mais um “nós”. Que isso é passado, que se acabou. Dói saber que você se
foi. Fico lembrando em todos os momentos em que eu poderia ter mudado tudo,
fazer você ficar ao meu lado, impedir a sua partida. Estou frio por dentro
desde que você se foi. Meu coração, que antes saltava de alegria ao te ver,
agora lateja em agonia e saudade.
Tudo é tão
confuso. Não há um motivo, não existe um “porquê”. Foi tão súbito, mal
tive a chance de dizer adeus. Em um dia somos como um só. Duas metade de um
todo. Carne e pele. Xampu e condicionador. E no outro dia já sou obrigado a
trilhar meu caminho sozinho, oco por dentro. Nada mais importa. Nada mais tem sentido. Acabou.
Foi o nosso fim.
Talvez fôssemos
uma piada cósmica, brinquedos dos Deuses, nada mais do que marionetes de uma
tragédia. Não há o que fazer. Moros e as Moiras, Senhores do Destino,
decretaram que tínhamos de viver essa tortura, decretaram que eu deveria seguir
fingindo sorrisos, ignorando meu coração partido, ignorando o vazio da minha
alma.
Nunca pensei que esse dia
chegaria tão depressa. Nem chegamos a nos despedir, o adeus ficou preso na
garganta. Como o mundo pode simplesmente seguir em frente, ignorando nossa
história, nosso amor? Me sinto extremamente perdido sem você ao meu lado, você
era a tocha que iluminava meu caminho, me mostrando aonde seguir. Mas essa
tocha se apagou.
Não há nada além do silêncio
agora.
Adorei a crônica!
ResponderExcluirComo é bom chegar sexta feira e poder ler suas crônicas você realmente escreve com a alma....
ResponderExcluirExpressar sentimentos não é fácil, mas você escolhe palavras corretas. Excelente!!
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