E eu tenho
medo. Essa sensação indecorosa que se assemelha a agulhas de gelo escorrendo
lentamente pelas minhas costas, me paralisando, me congelando.
É uma besta
pequena, no princípio, mas, se alimentando de todas as minhas inseguranças,
cresce depressa e em um piscar de olhos a besta já se agiganta, se torna mais
forte que eu, me subjuga sob seu peso e sua força. E então eu caio, fico cativo
e deixo que este demônio reine dentro de mim, assustado demais para ficar de
pé, assustado demais para esbravejar um “basta”.
Vivo, então,
uma vida limitada, preso em uma rotina monótona e eterna. Sem nunca provar uma
bebida nova, começar a conversar com um desconhecido ou mudar o corte do
cabelo. O novo assusta, evito-o, fujo dele, acabo, então, por não viver. Tantas
foram as vezes em que, ao me entregar ao novo e ao desconhecido, acabei me
decepcionando, me machucando. Desisti de tentar.
Alguém uma vez
disse que é loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de
todos os amores porque um deles foi infiel, odiar todas as rosas porque uma te
espetou. Mas a verdade é que os espinhos destas rosas são longos e
venenosos, esses machucados demoram para se curar, e, quando você se cura, tudo
que você mais quer é se afastar de todas as rosas para não se machucar de novo.
Então eu acabo me transformando em um Ícaro que, ao conseguir uma segunda chance de
escapar do labirinto maldito, se acovarda, desiste de fugir da sua prisão,
porque quando tentou ganhar os céus com as suas asas, acabou sofrendo, se machucando, morrendo.
Dessa forma a vida passa, junto com a oportunidade de obter a tão desejada felicidade. É um
rio que não é contido por barreira alguma, que corre rápido sem se importar comigo, não me espera e nem tenta me carregar. Fico sentado na margem deste rio,
assistindo de uma distancia segura, sedento pela água que nele flui, mas
temeroso demais para tentar matar essa minha sede de viver.
Acho que deveria saber: A vida não se
apieda dos covardes.
Já estava com saudade das suas crônicas, simplesmente maravilhosa!
ResponderExcluirMe lembra um pouco a minha pessoa... adorei. :33
ResponderExcluirótima crônica... me identifiquei um pouco, não sei se isso eh bom pra mim e_e UHAEUHAEU
ResponderExcluircomo sempre, admiro o uso que vc faz das palavras
dessa vez, entendi todas XDD
parabens, Chris~
Acho que gosto tanto de seus escritos pq eles se assemelham ao que sinto, ao que vivo, e querendo ou não ao que sofro, sempre me sinto sendo descrito por algo que você escreve. Gosto muito, espero um dia comprar um livro com todas essas suas cronicas!
ResponderExcluirQueria uma história mais mara para o Ícaro "/ rs
ResponderExcluir